LILIAN DIAS · 17/09/2019
Os números e a reputação do produtor rural
Reprodução
Por Lilian Dias
Para quem defende a agropecuária brasileira, não é preciso mais bradar para dizer a que viemos. Os fatos, os números, a rigidez do Código Florestal, embora não reconhecida, falam por si.
Aliás, você sabia que o setor agropecuário brasileiro é o que possui o código florestal mais rígido do mundo? Pois é, o produtor rural não tem direito a fazer empréstimo no banco se não estiver em dia com as obrigações ambientais.
Quer mais um exemplo? O produtor rural também não pode plantar ou criar se não tiver uma APP (Área de Preservação Permanente) estabelecida por lei. Vamos em frente: mais de 63% da vegetação nativa brasileira é preservada e, desse total, mais de 20% são preservados graças aos produtores rurais.
Nos Estados Unidos, nação que tem 1 milhão e 318 mil quilômetros quadrados de território a mais que o Brasil, são preservados apenas 19,9%. Façamos as contas: a fatia de preservação ambiental promovida só pelos produtores rurais brasileiros é maior do que a parte de preservação dos Estados Unidos como um todo.
Mesmo diante de números tão positivos, devemos defender os interesses do agronegócio com responsabilidade, transparência e inteligência emocional. Em vez de traçarmos uma guerra do “nós contra eles” – contra urbanos, ambientalistas, índios, veganos, etc. –, vamos partir para o diálogo, acatando o que, de fato, pode e deve ser respeitado, por meio de práticas sustentáveis, e refutando os exageros, mas com argumentações fundamentadas, embasadas cientificamente e com classe.
Os discursos que debatem esquerda e direita, o homem do campo e o da cidade, a maioria contra a minoria e os extremismos são de um atraso imensurável por parte de uma sociedade em pleno o século XXI. Portanto, eliminemos os rótulos e pratiquemos mais cidadania.
A agropecuária não é futebol, que é tratado com paixão e o torcedor fica do lado do time, mesmo se este time estiver errado – quem não se lembra do gol de mão de Maradona nas quarta-de-final da Copa do México, em 1986, atribuído à mão de Deus?
A Agropecuária não é partido político, no qual alguns parlamentares abrem mão de sua opinião para votar o que determina o partido que o acolheu ou levanta a bandeira do Agro apenas para se promover. Agropecuária é segurança alimentar. É sustento. É vida. E com a vida não se brinca.
Vamos mudar a imagem de um setor cujos integrantes são vistos como vilões para uma imagem de quem está aberto ao diálogo e disposto, não só a brigar pelos próprios interesses, mas, principalmente, a praticar medidas sustentáveis na agropecuária e enxergar o povo da cidade como cidadãos tão dignos e merecedores de respeito quanto os agropecuaristas.
De nada adianta as estatísticas positivas do Agro se quem vive o Agro não está habituado a divulgar esses números e as benfeitorias realizadas por um setor que, apesar de grandioso e com diversos bons exemplos, também precisa melhorar e crescer em vários aspectos, como, por exemplo, em logística e infraestrutura.
Só assim o produtor rural melhorará a sua imagem frente à sociedade e fará jus à merecidíssima reputação de quem carrega a economia do Brasil nas costas e poderá se tornar o celeiro que vai alimentar o mundo.
Um AgroAbraço de quem torce muito pela valorização, mas, acima de tudo, pelo contínuo crescimento do agronegócio brasileiro para que se torne uma potência mundial.
Lilian Dias
Lilian Dias é jornalista especializada em agronegócio, possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas e práticas de liderança, e é autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".
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